A revista de cultura anhembi (1950-62): Um projeto elitista para elevar o nível cultural do Brasil

A Revista de Cultura Anhembi (1950-62): Um projeto elitista para elevar o nível cultural do Brasil analisa a trajetória da publicação mensal, criada e dirigida ao longo de 12 anos, por Paulo Duarte, representante das elites ilustradas paulistas no período pós-Segunda Guerra Mundial. O objetivo ideológico central da publicação era apontar os rumos a serem seguidos pelo Brasil sob o comando dessa elite. Duarte, chamado pelo escritor Érico Veríssimo de o “Dom Quixote da política brasileira”, entendia que São Paulo deveria (e poderia) traduzir seu poderio econômico e cultural em hegemonia política. Oposicionista ferrenho a Getúlio Vargas, Duarte, ex-redator-chefe do jornal O Estado de S. Paulo, conheceu o exílio em Portugal e na França nas décadas de 1930 e 40. Com a queda do Estado Novo, em outubro de 1945, voltou ao Brasil com duas pretensões culturais ambiciosas: a instalação de um curso de Pré-História na Universidade de São Paulo (USP), criada em 1934, com sua ativa participação, e a fundação de uma revista de cultura. O projeto melhor sucedido, a Revista Anhembi, é implementado apenas em dezembro de 1950, depois que Paulo Duarte se afastou da redação do jornal. Vista por grande parte da intelectualidade de então como algo concebido “de fora para dentro”, Anhembi encontrava-se excluída da agenda local de prioridades, sendo classificada como uma revista esnobe. Cada número da publicação tinha pouco mais de 200 páginas, assim dispostas: editorial, vários artigos assinados por autores de renome e dezenas de páginas compostas em fontes mais reduzidas, relativas às várias “seções de 30 dias”, que se constituíam em resenhas opinativas dos acontecimentos em cada um dos domínios específicos: eventos políticos (“Jornal de 30 dias”) e aqueles relacionados aos campos da literatura, teatro, música, artes, cinema, esportes, ciências. Anhembi se apresenta como porta-voz da ação afirmativa paulista, atualizando a imagem do antigo bandeirante, homem que expandiu fronteiras.