Eu estava ausente na seleção para o mestrado daquele ano na Faculdade de Educação Física da Unicamp. Dois outros colegas professores aprovaram, na entrevista, minha futura orientanda que acabei conhecendo alguns dias mais tarde.
Larissa chegou-me com anseios de estudar o Candomblé, um assunto que sempre me interessou, mas para o qual nunca me dediquei com maior afinco. Surpreendeu-me, no entanto, que aquela moça vinda do Paraná, sem aparentemente a mínima ligação com essa cultura e religião, viesse a se interessar por
realizar tal pesquisa. Em suas buscas, Larissa começou a revelar a dimensão de seu interesse e a sagacidade de seu olhar.
Indiquei-lhe alguns nomes de pais e mães de santo que conhecia a fim de que ela pudesse estabelecer seu campo de pesquisa. Definiu-se por um que eu não conhecia. Visitou o terreiro. Conheceu a casa, seu babalorixá e suas filhas-de-santo. Encantou-se. E sua lucidez não se diluiu ante ao fascínio: Larissa é uma pesquisadora que traz a mente de seu humilde coração aberta.