Temporalidades em imagens de imprensa: Capas de revistas como signos de olhares contemporâneos

As articulações entre imagens, meios de comunicação, tempo e memória são enfocadas neste livro. Imagens da grande imprensa, privilegiadamente as capas das revistas Manchete, Veja e Isto É Senhor, em 1968/9 e 1989, são analisadas, destacando as repetições temáticas, o uso codificado das cores e das representações dos corpos. Com isso, discute-se a ação da imprensa em dois momentos fundamentais da história política brasileira no século XX: o início da censura com o Ato Institucional n° 5 e o período de abertura, com a primeira eleição presidencial direta após o período militar, agora com grande influência da mídia imagética. A memória que temos de tais períodos também é revisitada. As revistas produzem edições comemorativas que, muito significativamente, marcam os finais de década, séculos e mesmo milênios, sintetizando o que seriam os fatos importantes do período, produzindo assim uma narrativa geradora de sentido e, certamente, excludente. Tais sínteses são produtoras de memória e concorrem poderosamente para ordenar o que sabemos e o que esquecemos dos períodos em questão. Verifica-se ainda que essas imagens e seus veículos, além de indicarem a pauta da semana e a síntese dos anos e décadas, demarcam um ritmo, um tempo identificado com a expectativa de leitura das imagens. Fazem pensar sobre porque certos esquemas comunicativos são bem sucedidos e operantes, e sobre o que teriam a dizer sobre nosso olhar.