Em sua existência milenar as vicissitudes da história do Império Bizantino foram cantadas e escrachadas por cronistas árabes, latinos e bizantinos, coevos e posteriores, para escancarar uma narrativa de heroísmo, rebelião, manipulações, celebrações de vida, violências e mortes. Na transição dos séculos 11 e 12 EC, Ioannes Skylitzes, um membro importante do judiciário constantinopolitano, decidiu podar das fantasias e dos preconceitos as muitas histórias existentes sobre os imperadores e apresentar ao público uma versão mais resumida e, supostamente, objetiva dos eventos. Focalizou o período histórico entre 811 e 1057 EC abrangendo o reino de vinte e três imperadores e, alguns anos depois, o período entre 1057 e 1079 EC com seis imperadores e regentes. Com quase exclusivo destaque à vida palaciana e às políticas elitistas de Constantinopla, Synopsis Historion revela o encurralamento constante do império bizantino por forças poderosas externas, árabes, turcas, eslavas e normandas, e o encolhimento do império, e sua reação e resiliência contra esses movimentos demográficos. Ademais, essa revisão de história por Skylitzes desnuda o inimigo interno enraizado no âmago das elites bizantinas manifesto nas lutas pelo poder, traições, atos de covardia, alianças precárias, vinganças e castigos, com imenso sofrimento. Raras vezes na narrativa encontram-se indícios da vida cotidiana nas populações constantinopolitana e periférica; porém, ela prova-se cheia de perigos, calamidades, privações, desilusões e mortes, mas também de revides.
O texto completo de Synopsis Historion se encontra principalmente em nove manuscritos medievais importantes, entre os quais, singularmente, destaca-se Codex Matritensis Vitr. 26-2, com código visual reproduzido por 574 miniaturas que aproximadamente acompanham o texto. Existe muita probabilidade que o Codex Matritensis fosse copiado do original em Constantinopla e o texto recopiado junto com as miniaturas no scriptorium do mosteiro de San Salvatore em Messina, Sicília, em c. 1170 EC no reinado de Guilherme II (1166-1189 EC).