Complexidade e crise são dois temas que marcam o pensamento e as preocupações contemporâneas nos mais diferentes campos do conhecimento humano. Ainda que predomine até hoje o positivismo e seu correlato, o objetivismo, na verdade, já nos afastamos muito da tradicional confiança na capacidade humana de alcançar, pela razão, o conhecimento verdadeiro, seguro e único. Cresce a convicção de que há diferentes formas de conhecer e interpretar as mesmas realidades naturais e humanas sem que tais diferenças justifiquem o descarte de uma ou de outra como falsa ou errônea. Em especial as ciências humanas e sociais, mas também as ciências naturais e exatas estão defrontadas com este novo cenário hermenêutico que exige profunda revisão das convicções epistemológicas tradicionais. O que vale para o conhecimento aplica-se também à ética. Os valores seguros, universais e perenes, são relativizados na medida em que sua validade é examinada à luz dos contextos histórico-culturais nos quais emergem e são aceitos. Uma das atividades humanas mais afetadas por esta nova realidade é a educação visto que sobre ela incidem tanto o conhecimento (teórico) quanto o agir (prático). Diante da perspectiva humanamente inviável do relativismo, pergunta-se pela conduta a ser assumida frente à inescusável coexistência da diferença e do irreconciliável. Descartada a confiança na verdade única e nos valores absolutos, a resposta que os autores do presente livro sugerem como orientação do pensar e do agir é a do debate e da discussão. O diálogo apresenta-se como procedimento fundante de uma relação pedagógica voltada para o entendimento capaz de dar conta da complexidade do mundo contemporâneo. A multidimensionalidade dos saberes e práticas sociais que envolvem sujeitos concretos em distintas relações culturais, étnicas, religiosas e nacionais exigem o diálogo, com orientação do agir comunicativo e individual. Se não podemos mais aspirar à homogeneidade e nem suportamos o conflito radical, é preciso assumir uma postura de diálogo, capaz tanto de assegura rum chão comum quanto de preservar as diferenças e identidades como possibilidade de convivência pacífica e feliz.